ESPECIAL: 75 ANOS DA "REVOLTA DE PRINCESA "

 

João Pessoa - PB, quarta-feira, 30 de março de 2005

 

Guerra da perdição
(Miguel Lucena)


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INTRODUÇÃO

A Revolta de Princesa, a que o autor denomina de Guerra da perdição, foi uma das mais sangrentas batalhas da história do Brasil. Ocorreu na cidade de Princesa - hoje, Princesa Isabel -, no sudoeste paraibano, em 1930, precedendo a Revolução vencida pela Aliança Liberal, e resultou na morte de 600 pessoas, número de óbitos superior ao registrado entre os pracinhas da FEB - Força Expedicionária Brasileira - que lutaram na II Guerra Mundial.

Tudo começou quando o coronel José Pereira Lima, chefe político do município, rompeu politicamente com João Pessoa, então presidente do Estado da Paraíba, por causa de interesses políticos - a exclusão do ex-governador João Suassuna, pai de Ariano Suassuna, da chapa para deputado federal - e econômico-fiscais - a cobrança de impostos sobre a circulação da produção de algodão, que antes era escoada livremente pelo estado de Pernambuco.

Foi proclamda, a 21 de junho de 1930, a autonomia política e administrativa de Princesa em relação ao governo estadual. As tropas governamentais tentam invadir a cidade, mas são repelidas pelas forças rebeldes.

O advogado João Dantas, aliado de José Pereira, mata a tiros João Pessoa no dia 26 de julho, na Confeitaria Glória, em Recife, numa típica ação de legítima defesa da honra (teve fotos íntimas com a namorada Aníde Beiriz publicadas na imprensa oficial, possivelmente com o consentimento do presidente), e a revolta toma novo rumo. Princesa é ocupada a 11 de agosto por 600 soldados do 19º Batalhão de Caçadores do Exércitos.

A Polícia Militar, que sofrera várias derrotas na tentativa de invadir o Território Livre e dissolver o movimento armado, ocupa a cidade de 29 de setembro de 1930, mobilizando 360 homens, e persegue covardemente os que pegaram em armas. João Flor, um dos rebeldes mais valentes, é morto à traição.

Os guerreiros não sabiam que havia interesses políticos menores por trás de todo litígio. Eles lutavam em defesa de sua terra, que não podia ser invadida ou ultrajada, e regavam com seu sangue o chão que a intolerância dos poderosos transformou em palco de carnificina.

 

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N.A.: Várias mulheres participaram da revolta, tanto na retaguarda quanto na linha de frente, mas não aparecem nos registros históricos, feitos pelos homens. A mulher de João Paulino, outra valente desconhecida, é, no poema, a representação de todas elas.

 

Texto encontrado em: LUCENA, Miguel. Guerra da perdição: a Revolta de Princesa. Brasília, DF: Best Graff, 2003.

 
 

 

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