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Princesa Isabel - PB, quinta-feira, 29 de junho de 2006

 

A Copa vista da África austral

Diretamente de Luanda, capital de Angola, África, o delegado e jornalista Miguel Lucena conta como é assistir aos jogos da seleção brasileira do outro lado do Atlântico, abaixo da linha do equador.

(Mardson Medeiros)

 
 

COLUNA

Angola é Brasil

(Miguel Lucena*)

   

Ninguém venha me dizer que está mais emocionado que eu com a vitória do Brasil sobre Gana. Estou em Luanda, capital de Angola, África austral, do outro lado do Oceano Atlântico, e me sinto como se estivesse no Pelourinho, Farol da Barra ou no Bar do Osmar.

Brindo aqui como se brindasse lá, mas a diferença está na atitude das pessoas. Mama da Maianga, há anos ganhando a vida por trás de um tabuleiro, vestia um pano do Brasil. Verde, amarelo, azul e branco, e eu não via isso há muito tempo. Nem nos palanques eleitorais, somente enfeitados com as cores dos partidos.

Na Baixa Maianga, o goiano-carioca Adênio resolveu espalhar mais de 100 camisolas (camisetas, em português angolano e lisboeta) do Brasil. O povo sai às ruas vestido de verde-amarelo.

- Ê Brasile, ê Ronaldinho, ê Ronaldo – grita o povo nas esquinas.

Os brazucas não sabem nem como agradecer.

Mesmo com a campanha televisiva incentivando o público a torcer por Gana, o povo mostrou que televisão não é tudo.

- Torço pelo Brasil. É como se fosse um dos nossos – disse o motorista Francisco, jogador de futebol e ex-colega de Zé Calanga no Petros Clube de Luanda. Para quem não sabe, Zé Calanga foi considerado o melhor jogador de Angola na Copa do Mundo.

- Essa é a nossa ginga, aperfeiçoada lá – filosofa o ex-quase-craque.

Tem dono de bar que até aproveitou para aumentar os preços em dias de jogo da seleção brasileira. Nos dias normais, a cerveja nacional é vendida a 100 kwanzas, pouco mais de um dólar, mas, quando há jogo do Brasil, saia de baixo: vai a 200, o preço normal das cervejas portuguesas.

Quando os Palancas estavam na disputa, o ufanismo era mesmo exagerado. As cores rubronegras dominavam o cenário. Comprei até uma camiseta, digo, camisola da seleção de Angola e passei a ser cortejado até por mulher casada. Só usei dois dias, pra Zezé não brigar.

Agora, o amarelo predomina. E quando Nery Kluwe ligou para mim, gastando muitos reais para dizer que a África precisava de muitos anos para ganhar do Brasil, eu disse a ele que quem fez os gols foi a Mama África, mãe de Ronaldo, Adriano e Zé Roberto. E os negros daqui em festa, comemorando os feitos dos irmãos!
 

 
*Miguel Lucena, natural de Princesa Isabel - PB, é Delegado da Polícia Civil do DF e Jornalista. Está em Angola prestando consultoria, trabalho técnico e realizando palestras.

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