Princesa Isabel - PB, quinta-feira, 20 de julho de 2006
Balduína jornalística
"Folha" circula em Princesa, Tavares, Juru,
Água Branca, Manaíra, São José e Triunfo (PE)
A "Folha de Princesa", que chega ao 29ª número e o segundo ano de existência, vem se firmando como importante órgão de imprensa em Princesa Isabel e região. Trata-se de um quinzenário que tem como cerne questões políticas e do cotidiano. Sob o comando de Norman Lopes, irmão do vereador Rialtoan Araújo (PT) e do premiado escritor Aldo Lopes, a publicação traz como articulista o competente José Duarte Lima.
A temática política adotada pelo periódico é, em grande parte, responsável pela arregimentação crescente tanto de leitores assíduos quanto de opositores ferrenhos. Tal mote acaba compondo uma espécie de locomotiva capitalista, em cujos trilhos está alinhada a tríade: polêmica, que gera vendas, a chamariz de anunciantes. E a sobrevivência de qualquer jornal depende disto mesmo.
(Mardson Medeiros)
FIQUE POR DENTRO
Segue, abaixo, transcrição da coluna de José Duarte Lima na "Folha de Princesa", ano 2, nº. 29, Princesa Isabel (PB), 10/07 à 25/07/2006.
O papel da "Folha"
A "Folha de Princesa" é um empreendimento inédito, porquanto pioneiro na região, e veio com o firme propósito de servir de canal aberto entre sociedade e os diversos segmentos que a compõem. É, sem dúvida, a boa nova que surgiu nos últimos anos, rasgando fronteiras e estabelecendo o contraditório como parâmetro para balancear as intricadas relações sociais num ambiente ainda pouco afeito ao diálogo franco, ao questionamento indispensável das pessoas e das coisas.
Sem dúvida que a "Folha", ao exercer o papel de mediador crítico da realidade e dos seus protagonistas centrais, contraria interesses e agrada outros o que é perfeitamente normal numa sociedade dita democrática, onde a imprensa circula sem mordaça ou camisa-de-força e procura desempenhar sua função social sem comprometer o livre fluxo da informação, de forma satisfatória. Afinal, trabalhar bem e honestamente é obrigação e não virtude da imprensa.
Seria bizantino discutir aqui a questão da neutralidade, um mito da imprensa burguesa ocidental amplamente massificado pelo império norte-americano das comunicações, a reboque do qual a imprensa tupiniquim, como de resto a maioria dos órgãos da denominada "grande imprensa" latino-americana assimilou sem opor nenhuma resistência crítica. Afinal, a notícia é um produto à venda, uma mercadoria como outra qualquer, cujas embalagem e conteúdo são adulterados pela lógica perversa do sistema capitalista.
O que a "Folha de Princesa" procura é estabelecer um ponto de equilíbrio entre a necessária dimensão opinativa de um órgão da imprensa escrita e a inserção da notícia como um bem social, sob a perspectiva de uma batalha para conquista de mentes e corações, e não como uma atividade empresarial em si. É claro que a confecção de um jornal mesmo da modesta dimensão da "Folha", implica uma lógica de produção que não foge à regra geral do mercado, mas inclusive e principalmente um compromisso além dos espaços publicitários.
A despeito das deficiências técnica, editorial, gráfica e redacional comuns à pequena imprensa, inclusive interiorana - onde a luta para se manter nas bancas é um desafio permanente à capacidade empresarial de quem se atreve a superar os limites do próprio meio -, a "Folha de Princesa" é um exemplo impresso de que vale a pena arregaçar as mangas e apostar alto numa região endemicamente predisposta a se conter em si mesma.
A circulação regular e sempre crescente do pioneiro órgão, aliada a uma marca de credibilidade que já começa a se impor gradualmente, é um indício claro de que a "Folha de Princesa" veio mesmo para ficar. E ficar, aqui, extrapola os paradigmas do verbo numa conjugação mais ampla, onde se flexiona a capacidade de não se limitar ao registro factual da História, pois Norman Lopes, como todo bom princesense, sabe a hora e faz acontecer.
(José Duarte Lima)
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