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ESPECIAL
Princesa Isabel - PB, segunda-feira, 23 de julho de 2007 |
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QUILOMBO DO LIVRAMENTO A escravidão é quase tão velha quanto a própria história da humanidade. Na bíblia, o Velho Testamento já fala de prisioneiros de guerra transformados em escravos. Textos escritos por povos europeus há mais de 2 mil anos informam que havia tarefas impróprias para homens livres, devendo ser executados por aqueles que não tinham liberdade. No Brasil, o trabalho escravo chegou junto com a colonização, por volta de 1530, e durou oficialmente até 1888, quando foi promulgada a Lei Áurea. Ocupados quase sempre na agricultura, os indígenas e, depois os negros escravizados, sofriam castigos físicos e humilhações. Por isso, morriam muito cedo. O trabalho escravo promoveu o enriquecimento dos fazendeiros e comerciantes, que deles nada mais esperavam do que trabalho e obediência. Sempre que podiam, os negros fugiam e reuniam-se em grupos ou povoados, chamados QUILOMBOS ou MOCAMBOS. Houve quilombos em muitas regiões e um destes foi o do LIVRAMENTO, localizado na Serra da Baixa Verde a 1.400 metros de altitude, distando cerca de 12 km da sede do município de Princesa Isabel - PB. Na época, adotaram forma de governo semelhante a que tinham na África.
Histórico Preocupados com a segurança e para manter a liberdade conquistada, os negros construíram casas de pedras que serviam de abrigo. As ruínas dos casebres de pedra, ainda existentes, são testemunhas do mais antigo quilombo do interior do estado da Paraíba. Devido a longa distância do litoral e por estar em espaço acidentado, o Quilombo do Livramento nunca sofreu ataques dos brancos através das expedições chefiadas pelos capitães-do-mato. Acredita-se que os negros fugitivos do trabalho forçado em Pernambuco e albergados no Livramento conquistaram a liberdade quase 100 anos antes da Lei Áurea. Não se sabe, contudo, a origem e a data de chegada exatas dos quilombolas, pois havia um pacto de silêncio entre eles como forma de autoproteção. Agricultura e Saúde Os negros do Livramento sobreviviam graças à agricultura (plantavam milho, feijão, mandioca, cana-de-açúcar, bananeira, andu, etc.) e à criação de porcos e galinhas. Quando adoeciam eram socorridos por um curandeiro chamado João Baião, que fabricava remédios através de raízes de pau, conhecidos como garrafadas. Cultura1 Na dança, praticavam o coco, o reisado e o samba. Destes, somente o coco persiste. Até hoje, crianças e adultos dançam e cantam o coco. Há um grupo cultural na ativa que se apresenta, quando convidado para eventos, em municípios vizinhos como Princesa Isabel (PB), Triunfo (PE), Manaíra (PB), entre outros. Religião O catolicismo predominava, mas com traços da cultura africana. Continua ainda como a principal religião. Apartheid1 Até recentemente, no início do século XX, os negros viviam isolados porque sofriam bastante preconceito. Não freqüentavam as festas dos brancos, pois eram mal vistos. Comunidade Quilombola1 No dia 02 de março de 2007, o Governo Federal reconheceu a comunidade do Livramento como remanescente direta de um quilombo. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e consta no site da Fundação Palmares. Por definição, há uma diferença entre as comunidades negras e as quilombolas. Ambas descendem de negros escravizados, mas as primeiras são aquelas que se instalaram em locais diferentes de onde surgiram os quilombos, sendo, portanto, ramo secundário. Coco1 Além de diversão, o coco era tido como instrumento de trabalho. Os negros usavam-no para preparar os terrenos durante a construção das casas de pedra. As pedras1 Existem algumas pedras características da região, que foram nomeadas pelos quilombolas. São elas: Pedra do Morcego, Pedra do Velho Domingo e Pedra de Ambrosina (os negros ficavam no rachão à espreita de algum branco ameaçador). São José de Princesa1 Até 1994, o Livramento fazia parte de Princesa Isabel - PB. Todavia, após a emancipação política de São José de Princesa, passou a pertencer a este município. Modernidade1 Hoje, o Livramento possui energia elétrica, casas com parabólicas, cisternas, escola com ensino fundamental e até mesmo sinal de celular. Este último é proveniente de uma torre da TIM de Triunfo (PE), município próximo. Associação1 No dia 05 de dezembro de 2003, foi criada a Associação dos Remanescentes do Quilombo do Livramento com a finalidade de preservar a cultura e lutar por benfeitorias para comunidade.
(Texto base desenvolvido por Marta Maria dos Santos, alunos e professores da Escola Estadual Gama e Melo. Revisto, editado e ampliado1 por Mardson Medeiros. Colaborou Lúcia Silva, descendente dos quilombolas do Livramento.) |
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REGISTRO FOTOGRÁFICO
Créditos: * nos comentários cujo parentesco é citado entre parênteses, deve-se considerar o tronco genealógico inicial a partir da mãe.
A embolada, canção que se entoa para dançar o coco, mais famosa no Livramento chama-se "Aiá". Segundo a lenda, Aiá era uma moça negra muito bonita que vinha de lugar desconhecido para alegrar o quilombo. Certo dia, uma forte enchente levou a moça que morreu afogada. Os negros entristecidos e com saudade fizeram a música para homenageá-la. Veja a letra e escute o som abaixo. (Mardson Medeiros, com informações de Lúcia Silva)
"AIÁ"
Eu vi Aiá chorando
Assista às crianças do grupo
escolar do Livramento, dançando coco. Crédito:
Presidente:
Maria de Lourdes Santos (filha de dona Chicola) |
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