MIGUEL LUCENA - VERSO-MENINO

 

Capa do livro

 

VERSO-MENINO 

...

Meu verso passa ao largo das academias.
É rude, torto e desengonçado.
Imita passos – matuto apressado.
Tem pressa de passar da noite ao dia. 

Engatinha, quer conhecer luzes e cores,
vozes e mais vozes, mundo estranho,
bebê contente na hora do banho
mergulhado em aromas bons de flores. 

É ainda a marca da contradição:
brinca, fecha a cara, chora,
ri, ousa, briga, esmorece, anima. 

É como a terra seca do sertão
e é fértil e mãe, quando a chuva não demora,
e faz brotar do chão botões de rima.

 

   

VERSOS PERDIDOS

Uma caixa, um papelão
- coisas insignificantes –
guardavam, em versos cortantes,
pedaços de coração. 

Rabiscos, palavreados,
rimas, palavras de amor,
mágoa, sofrimento e dor
ou apelos debochados 

compunham todo o cenário
que alguém, valendo um salário,
no lixo tudo jogou. 

Profundíssima ironia:
o lixo viveu poesia
quando a poesia chorou.

 

LUCENA FILHO, Miguel. Verso-Menino. Editora BDA-BAHIA LTDA, 1995.

 

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