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 XANDUZINHA
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
)

O cabôco Marcolino
Tinha oito boi zebu
Uma casa com varanda,
Dando pro norte e pro sul
Seu paiol tava cheinho
De feijão e de andu
Sem contar com mais uns cobres
Lá do fundo do baú
Marcolino dava tudo
Por um cheiro de Xandu

Ai! Xanduzinha, Xanduzinha minha flor
Como foi que você deixou
Tanta riqueza pelo meu amor?
Ai! Xanduzinha, Xanduzinha meu xodó
Eu sou pobre, mas você sabe
Que meu amor vale mais que ouro em pó

"Marcolino Diniz (o cabôco Marcolino) trocou a faculdade e os bois zebus pelo fuzil. E sua única recompensa foi Xanduzinha. Ambos se imortalizaram na canção de Luiz Gonzaga e Zé Dantas". Na foto, ele aparece já bem idoso.

Fonte: "Princesa Antes e Depois de 30", Paulo Mariano. Pág. 94

   

ARTIGO

- Zé Dantas x Humberto Teixeira (17/01/04)
Qual o verdadeiro co-autor das canções "Xanduzinha" e "Paraíba". Resposta: Humberto Teixeira, saiba o porquê.


REPORTAGEM

"Hoje está com 84 anos, surdo e distraído, Marcolino Pereira Diniz, o Caboclo Marcolino, cantado e vivido no baião de Luiz Gonzaga, que enaltece o seu amor pela morena mais bonita de Irerê. Marcolino é um dos últimos remanescentes dos combates travados em Princesa Isabel, no distante ano de 1930. Nesta reportagem, ele relata os acontecimentos da época que, segundo afirma, 'não valeu a pena para nenhum dos dois lados'. As paredes da casa-grande atestam, ainda hoje, a violência da luta: buracos de bala, marcas de mãos e corpos feitas com sangue, palavras de adeus às famílias escritas por soldados feridos. Dos homens que ajudaram Marcolino naquela ocasião, apenas um morreu, 'porque foi mais afoito que os outros'. A casa já não tem mais varanda. Em 1930, durante os combates travados entre a Polícia e os homens de Zé Pereira, toda a parede da frente foi demolida. Uma rua pequena e empoeirada, com casas e calçadas altas à moda antiga, tendo à frente cadeiras preguiçosas, abriga ainda um outro remanescente de um sonho que durou poucos dias: transformar Princesa Isabel em território livre do restante da Paraíba... Nas paredes, significativamente, há perfurações de balas e manchas de sangue que continuam bem nítidas, como se o distante ano de 30 tivesse sido ontem".

"'Fui forçado a ficar ao lado de Zé Pereira, pois ele, além de cunhado, era também meu tio', disse Marcolino ao iniciar a entrevista. Lembrou da tarde em que 66 soldados da PM invadiram Irerê, 'atirando para cima', quando não havia um só homem de Zé Pereira. Xandu, juntamente com uma tia e uma prima, encontrava-se na casa-grande da usina, quando o comandante da força cercou o local e ordenou que se retirassem, pois ali ficaria alojado o Estado Maior. Ela, que não conhecia medo, disse que da casa não sairia, pois era uma residência da família e não um quartel. 'Foi nesse dia', lembra Marcolino, 'que eu virei um segundo Lampião'. É que a Polícia prendeu Xanduzinha e suas companheiras no interior da casa-grande".

"... Tão logo tomou conhecimento da prisão de Xandu, Marcolino reuniu um grupo e lutou três dias consecutivos. No final, a Polícia retirou-se deixando mais de 15 mortos. Ao encontrar a esposa, Marcolino soube que elas foram respeitadas e muito bem tratadas pelo comandante da volante. Antes da fuga da volante, contudo, os canaviais foram incendiados, a casa de Marcolino foi praticamente demolida e o resultado é que o então usineiro viu-se pobre, sem condições de manter os oitenta homens que trabalhavam no corte, no transporte e no fabrico do açúcar. 'Tive de começar tudo de novo, ainda sentindo o cheiro de pólvora e o pipocar dos rifles em cima da serra'. Como dano físico, Marcolino perdeu o olho direito."

(Trecho de reportagem do jornalista Sebastião Lucena, publicada no jornal "A União" de 11 de agosto de 1978).

Fonte: "Princesa Antes e Depois de 30", Paulo Mariano. Págs. 92-96.

 

   
     

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