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SONS
DE
PRINCESA |
XANDUZINHA O cabôco Marcolino Ai! Xanduzinha, Xanduzinha minha
flor
"Hoje está com 84 anos, surdo e distraído, Marcolino Pereira Diniz, o Caboclo Marcolino, cantado e vivido no baião de Luiz Gonzaga, que enaltece o seu amor pela morena mais bonita de Irerê. Marcolino é um dos últimos remanescentes dos combates travados em Princesa Isabel, no distante ano de 1930. Nesta reportagem, ele relata os acontecimentos da época que, segundo afirma, 'não valeu a pena para nenhum dos dois lados'. As paredes da casa-grande atestam, ainda hoje, a violência da luta: buracos de bala, marcas de mãos e corpos feitas com sangue, palavras de adeus às famílias escritas por soldados feridos. Dos homens que ajudaram Marcolino naquela ocasião, apenas um morreu, 'porque foi mais afoito que os outros'. A casa já não tem mais varanda. Em 1930, durante os combates travados entre a Polícia e os homens de Zé Pereira, toda a parede da frente foi demolida. Uma rua pequena e empoeirada, com casas e calçadas altas à moda antiga, tendo à frente cadeiras preguiçosas, abriga ainda um outro remanescente de um sonho que durou poucos dias: transformar Princesa Isabel em território livre do restante da Paraíba... Nas paredes, significativamente, há perfurações de balas e manchas de sangue que continuam bem nítidas, como se o distante ano de 30 tivesse sido ontem". "'Fui forçado a ficar ao lado de Zé Pereira, pois ele, além de cunhado, era também meu tio', disse Marcolino ao iniciar a entrevista. Lembrou da tarde em que 66 soldados da PM invadiram Irerê, 'atirando para cima', quando não havia um só homem de Zé Pereira. Xandu, juntamente com uma tia e uma prima, encontrava-se na casa-grande da usina, quando o comandante da força cercou o local e ordenou que se retirassem, pois ali ficaria alojado o Estado Maior. Ela, que não conhecia medo, disse que da casa não sairia, pois era uma residência da família e não um quartel. 'Foi nesse dia', lembra Marcolino, 'que eu virei um segundo Lampião'. É que a Polícia prendeu Xanduzinha e suas companheiras no interior da casa-grande". "... Tão logo tomou conhecimento da prisão de Xandu, Marcolino reuniu um grupo e lutou três dias consecutivos. No final, a Polícia retirou-se deixando mais de 15 mortos. Ao encontrar a esposa, Marcolino soube que elas foram respeitadas e muito bem tratadas pelo comandante da volante. Antes da fuga da volante, contudo, os canaviais foram incendiados, a casa de Marcolino foi praticamente demolida e o resultado é que o então usineiro viu-se pobre, sem condições de manter os oitenta homens que trabalhavam no corte, no transporte e no fabrico do açúcar. 'Tive de começar tudo de novo, ainda sentindo o cheiro de pólvora e o pipocar dos rifles em cima da serra'. Como dano físico, Marcolino perdeu o olho direito." (Trecho de reportagem do jornalista Sebastião Lucena, publicada no jornal "A União" de 11 de agosto de 1978). Fonte: "Princesa Antes e Depois de 30", Paulo Mariano. Págs. 92-96. |
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